Nesse encontro também foi lido o capítulo 5: Componentes do Significado.
No capítulo 3 já havíamos visto a importância das palavras individuais e da estrutura das frases para a compreensão do significado, porém, nesse capítulo, Perini nos apresenta outras “pistas”. Tomemos as seguintes frases como exemplo:
“[1] A mão de Vera estava em cima da mesa”
“[2] O copo de plástico estava em cima da mesa” página 55
podemos observar que ambas possuem a palavra “de” e que a estrutura das duas é a mesma, sendo formadas por artigo + substantivo + de + substantivo. Com isso podemos concluir que o sentido não se dá somente através das pistas já citadas.
Segundo o autor precisamos do nosso conhecimento do mundo para distinguir as interpretações que fazem sentido das que não fazem. Por exemplo, sabemos que Vera é uma pessoa e que por isso pode possuir a mão; e também sabemos que o copo pode ser feito de plástico. E é assim que entendemos o “de” como posse ou indicando material.
Isso se dá através de operações mentais, e, por isso, não observáveis. Porém, o autor nos indica duas estratégias utilizadas para que se dê a compreensão. São elas a léxico-gramatical e a cognitiva.
A primeira se refere ao conhecimento que possuímos sobre a língua, seja sobre morfologia ou sintaxe, e é através dela que atribuímos uma ou mais interpretações semânticas.
Já a cognitiva se baseia no conhecimento geral do mundo, e agiria como um filtro das interpretações já obtidas pela primeira estratégia. O autor aponta que não devemos achar que uma acontece na seqüência da outra, pois elas ocorrem simultaneamente em situações reais de fala.
Para exemplificar as duas estratégias o autor nos apresenta a seguinte frase:
“[4] Você consegue fechar a janela?”
se tomássemos como base apenas a primeira estratégia poderíamos responder apenas “sim, eu consigo”, porém se levássemos em consideração informações do mundo extralingüístico, como saber que meu amigo está na cama com o pé quebrado e não pode levantar, a resposta já seria outra, pois interpretaríamos a pergunta como um pedido.
Assim vemos que as duas estratégias não se confundem, complementam-se. Com isso o autor conclui afirmando que o processo de compreensão não é puramente gramatical.
Taís.